terça-feira, 29 de novembro de 2011

Falando um pouco da Modernidade no Design

          A modernidade foi um período marcante, não só para o Design como arte, mas para toda a história que o envolve nesse meio de indústria e cultura. “O mundo moderno é um "mundo em disparada": não só o ritmo da mudança social é muito mais rápido que em qualquer sistema anterior; também a amplitude e a profundidade com que ela afeta práticas sociais e modos de comportamento preexistentes são maiores.” (Giddens, Modernidade e Identidade). 

          É dito modernidade no Design o período que se inicia a Primeira Guerra Mundial e vai até em torno de 1970, quando começam a surgir os movimentos contrários as ideias que existiam. São englobadas várias fases, desde o Construtivismo, passando pela Arte Decó e pegando um pouco da POP Arte.

          Jhonathan Raimes diz em seu livro Design Retrô que “O Papel do Design Gráfico é organizar e comunicar mensagens, anunciar ou divulgar um produto ou uma ideia da forma mais eficiente possível”, e é isso que nós fazemos, nós manipulamos “formas visuais em um estilo apropriado” para a manipulação de um público específico. E o passado sempre foi, e é a fonte de inspiração para elaboração de qualquer projeto. 

          A revolução Industrial, como todos sabem, foi um marco na história, principalmente para o Design, e provocou mudanças em todos os aspectos da vida, transformando a sociedade em todos os níveis. Giddens diz que “A "modernidade" pode ser entendida como aproximadamente equivalente ao "mundo industrializado"”, a nova tecnologia da imprensa possibilitou a produção em série de livros, jornais, revistas, os primeiros objetos de Design produzidos em massa. Embora o paradigma da produção editorial de livros já tivesse sido determinado, foi a partir da Revolução Industrial que houve uma liberdade técnica e uma capacidade de produção de impressos nunca vista antes.

          O modernismo, formador da base de um novo design funcional surgiu ao final de 1900 com o Primeiro Manifesto Futurista, de Filippo Marinetti. O Bauhaus talvez tenha sido o estilo mais associado com o movimento moderno. Bauhaus era uma “escola de design” que funcionada na Alemanha, conhecida por ter métodos de ensino inovadores, rejeitava a ornamentação e era favorável à funcionalidade. Sua exposição de 1923 tornou o movimento internacionalmente conhecido.
          Mas foi no final da década de 20 que o movimento moderno estava a todo vapor. Porém, em 1929 com o Crack da Bolsa e a Depressão que se espalhou, as linhas limpas e econômicas da estética modernista se transformaram em uma necessidade, mais do que uma escolha. Assim como em uma Guerra, as prioridades são os produtos que a envolvem, o requinte e a fines dos trabalhos gráficos foram realmente deixados de lado. E, assim o Construtivismo veio com seu Design utilitário, o qual unia a arte do trabalho com a propaganda. Nos Estados Unidos, designers gráficos foram contratados pelo governo para produzirem cartazes dedicados ao “bem do público” ao qual expunham pessoas felizes, trabalhadores, promovendo práticas de saúde e segurança no local de trabalho.
          Ao fim da década de 30, com a eclosão da Segunda Grande Guerra, a arte do Design Gráfico foi usada principalmente para a elaboração de cartazes de comunicação. O pôster era a forma mais barata e imediata de transmitir mensagens durante a guerra, o qual oferecia fascinantes visões das atitudes sociais da época. O trabalho gráfico nesse período varia de cartuns amadores a pôsteres que abrangiam todos os aspectos da vida em tempos de guerra. As revistas também eram comuns nos EUA em 1940, pois eram produzidas a custos muitos baixos e suas capas traziam desenhos fortes estampados, chamadores da atenção da população que só via tragédia no contexto.
          Na década de 60, o design já não era mais uma questão de forma e função, tornara-se estilo. Era a década de liberdade, da nova geração nascida do pós-guerra que agora assumia o controle. Enquanto a cultura jovem lutava contra o tradicional em favor da diversão, começaram a surgir vários estilos de design que refletiam esse estado de espírito alegre. De repente, tudo, de filmes, fontes a moveis ganhavam um toque futurista. A reação ao sistema e os sentimentos hippies da psciodélia entre 60 e 70 eram considerados exagerados, radicais, e não foram aceitos pela cultura estabelecida, mas mesmo assim o movimento se intensificou e afetou boa parte do mundo com seu estilo POP.

          Todas essas mudanças afetaram não só a sociedade pelo seu modo de vida, como seus padrões de consumo. A Revolução da Indústria possibilitou a alta replicabilidade dos produtos, baixando seus custos, aumentando a produção e estimulando o consumismo. As marcas foram se consolidando ao longo dos anos com a ajuda da publicidade, criando sua própria personalidade, não só visual, mas também em forma de tarefas e tudo que envolve a própria empresa e que a faça ser reconhecida pelo que é, passa e faz. Os consumidores passaram a comprar produtos não somente pelo que a empresa faz, mas também por saber que existe uma confiança, credibilidade, que seus produtos serão sempre feitos da mesma forma.

          É importante para uma empresa ser reconhecida no mercado pelos produtos que ela oferece, mas é também importante ser reconhecida pela marca que ela estabelece. A figura de um personagem, muitas vezes, pode ajudar o estabelecimento dessa marca. A empresa de bebidas Jhonny Walker, por exemplo, é reconhecida pela figura do “andarilho” que representa a empresa pela sua constante mudança, procura, mobilidade. Já o McDonald’s tem como representante o palhaço Ronald que em uma pesquisa feita em 1986 chegou a ser reconhecido por 96% dos alunos de escolas infantis, ficando em segundo lugar, sendo superado somente pelo próprio Papai Noel.

          O mundo moderno sofre mudanças rápidas e exige que o mercado o acompanhe. Os livros chegam a ser veículos retardatários de informação, o uso de impressos ditos periódicos é um meio mais rápido de passar informações aos indivíduos. Capas de revistas que antes eram usadas para tratar de temas de guerra são manipuladas através do uso das cores e de formas para passar mensagens, de consumo, de ideais. “Ao insistir em notícias ligeiras e chamaticas, em mapas e gráficos de todas as cores, a função de um periódico passa a ser reduzida a puro entretenimento” (George Ritzer). Assim que o Design muitas vezes é aplicado, de forma a chamar a atenção e convidar o consumidor a usufruir daquele produto pelo entretenimento, mas não de forma a banalizar tudo aquilo que faz, mas de forma convidativa e descontraída.

          Todas essas mudanças podem para muitos terem ocorrido rapidamente, não dando tempo para a sociedade se acostumar e acomodar. A sociedade é afetada pelo que a cerca e trouxe para seu modo de vida essa necessidade de tudo ser instantâneo, muitas vezes irracionalizando seu próprio ser. Trazendo um exemplo atual, o Design do novo Restaurante Universitário foi ergonomicamente projetado para um simples percurso: servir, comer e sair. Pode-se notar que as mesas são grandes, agrupadas de maneira a suportar mais pessoas, e as cadeiras são pequenas e desconfortáveis, para quem esta comendo não passar muito tempo efetuando essa ação.
          Como disse, o mundo moderno exige uma rapidez das coisas, pois o mercado tem que girar com a compra e venda. Ritzer diz ainda que “o crescimento da população, a aceleração das trocas da tecnologia, o aumento do ritmo de vida, tudo isso e muito mais faz impossível o regresso a um mundo racionalizado”, totalmente. E a verdade é essa, e a tendência é cada vez aumentar esse ritmo, até que uma hora chegue a seu ápice.




Referências:
Design Retrô – Jonathan Raimes e Lakshmi Bhaskaran
La McDonalización de la sociedade – George Ritzer
Modernidade e Identidade – Anthony Giddens
O Comportamento do Consumidor – Michael R. Solomon

quarta-feira, 2 de novembro de 2011


Mais uma da série "nas nuvens".
To cheia de coisa pra fazer, mas me empolguei no PS esses dias.
é isso (: